sábado, 13 de novembro de 2010

Collide Primeira parte

Gotas de chuva martelavam contra o vidro da janela do meu quarto, eu não dormi durante a noite toda, agora o amanhecer estava próximo e meu quarto começava a clarear.
Meus olhos continuavam pesados e eu queria continuar a tentar dormir.
Desisti de tentar quando meus olhos resolveram reclamar da claridade, alguma coisa ainda se enroscava a mim num certo aconchego e eu não tive coragem para levantar e acordar o pobre Boris.
Pensava na possibilidade de jogar meu celular pela janela, eu passara a noite tentando dormir.
O amanhecer começava a quebrar a escuridão da noite anterior, meus olhos se tornavam mais escuros e eu precisava criar coragem para sair da cama.
Tentei inúmeras vezes retornar ao mesmo sonho da noite anterior, e nada, eu tentava sonhar com a garota de cabelos castanhos e sorriso enigmático. Eu havia sonhado com ela, não consegui me lembrar do sonho, só me lembrava dela e eu não sabia seu nome. E quando eu acordei, tinha a nítida impressão de que tinha alguém na minha cama, e quando eu abri os olhos, só meu cachorro continuava entre meus pés.
De alguma forma aquela garota começava a mexer comigo.
Seus olhos claros se destacaram no meio do lusco-fusco daquele lugar imundo onde era o final de um ar condicionado de um shopping, la estavam pessoas que faziam parte do meu cotidiano pessoas que eu gostava, mais não conseguia falar com nenhuma delas então em um leve sussurro eu consegui ouvir sua voz pela primeira vez
- Você deveria se permitir, Ca – ela disse tocando eu rosto com a ponta dos dedos gelados.
- Me permitir? – sussurrei, fechando os olhos ao toque dela.
- Se permitir viver, acreditar - sorriu – e ser feliz – disse entrelaçando seus dedos nos meus cabelos.
- Prometo tentar – disse colocando a mão sobre seu peito e me distraindo com o botão do seu casaco.
- Eu preciso ir – disse entrando no carro que parou ao nosso lado – Você já vai acordar – completou sorrindo.
- Quando eu saberei seu nome? – perguntei olhando atentamente para não esquecer de seu rosto.
Ela não respondeu, apenas sorriu e me deixou sozinha naquele lugar.
Eu não soube quanto tempo levou até eu acordar, mas eu ainda posso sentir seus dedos pelo meu rosto, seu perfume pelo ar e o frio continua cortando meu rosto.
Lá fora ainda está escuro e eu não sinto mais vontade de dormir.
“Quem é a garota de todos os meus sonhos?”.
terça-feira foi a ultima vez que eu sonhei com a “menina dos olhos”, não sei se posso admitir com tanta certeza, mas ela me pertence, claro é fruto da minha imaginação [?]
Tenho certeza que ela vai aparecer, ela virá falar comigo!

Domingo 27 de fevereiro 2009

Seu sorriso continua preso diante dos meus olhos, porém, seu rosto está se tornando desconhecido, eu preciso que ela apareça que ela converse comigo, eu preciso dela!
Eu procurei alguma claridade naquele cômodo, mas logo meus olhos se acostumaram com o breu. Onde eu estava?
- Se eu fosse você eu não teria tanto medo, Carol – uma voz ecoou pelo meu quarto.
- E... Eu não estou com medo – meu coração falhou uma batida e por um momento eu me esqueci de como se respirava.
- Eu não tenho tanta certeza de que você não está com medo, Carolzinha– seu rosto se fez visível por um breve segundo, suas mãos envolveram minha cintura e sua boca se encostou na minha nuca – você está tremendo.
- Quem é você? – perguntei com certo medo de ouvir a resposta.
- Você faz perguntas demais, mocinha – ela sorriu
- Você mexe comigo. – seus olhos pousaram nos meus.
- E isso não é bom?
- Não! Meu deus estou ficando louca
- Se você diz que não, então adeus – ela me soltou e foi saindo.
- Não! – eu gritei. – Fica?
- Você mesma disse que não é bom – ela se apoiou na porta e ficou esperando.
- Fica. Por Favor. – eu tentei segurar seu braço
- Talvez outro dia. Você tem que acordar. – ela não se virou e saiu.

Um balde de água fria caiu sobre mim e eu acordei, por um momento eu percebi que o local do sonho era meu quarto e suas palavras ainda ecoavam por ali.
- Meu Deus realmente estou ficando louca, por um momento achei que ainda estava acordava.
Então me peguei pensando, isso e só um sonho mesmo? Não claro que é, tem que ser.


Terça-feira 05 de abril 2009
Mais uns dias se passaram e eu estava ansiosa para sonhar com aquela menina.
Senti o vento frio cortar meu rosto e o cheiro da cidade invadir meus pulmões.
ela me olhava de longe, sentada no banco daquela praça movimentada, mesmo de longe eu pude vê-la sorrir.
Enquanto eu me aproximava ela se sentou em outro banco e esperava que eu chegasse ate ela , respirei fundo e fui em direção a ela ,deixei aquele vendo gelado batesse no meu rosto me sentando ao seu lado logo em seguida.
- Pensei que você não fosse aparecer – eu quebrei o silencio após algum tempo.
- Eu nunca te deixo Carol, você sabe disso. – disse sorrindo olhando pra frente.
- Às vezes parece que não... Eu nem mesmo sei o seu nome! – tentei encará-la pela primeira vez, mas ela continuou sem desviar os olhos da frente.
- Me disseram que neste lado da cidade é tão lindo – ela continuava a sorrir sem me olhar e isso começava a me deixar irritada.
- Eu acho que estou começando a me apaixonar por você – apertei minhas mãos no banco olhando para meus pés .
Ela permaneceu em silêncio por algum tempo, e se levantou.
- Vamos? Vai começar a chover. – disse estendendo-me a mão.

Quando acordei, a chuva batia forte contra os vidros da janela do meu quarto e o vento as folhas das árvores, eu pude sentir o cheiro de chuva misturado com o seu perfume tradicional em meu quarto.
Será que ela ouviu que eu estava gostando dela ?

Sexta-feira 15 de abril 2009

Eu procurei um bom motivo para desejar que ela não estivesse naquele quarto, pela primeira vez eu queria ela longe de mim.
Eu pude ouvir sua respiração no meu ouvido, seu lábio tocar minha orelha e um riso não contido ecoar pelo meu quarto.
- Não parece que você me quer tão longe assim Carolina. – suas mãos apertaram minha cintura.
- Ás vezes eu queria poder deixar de sonhar com você. – tentei afastar suas mãos da minha cintura, sem sucesso. – Eu quero saber quem é você e porque você vem atrás de mim.
- Eu sou você, eu sou aquilo que você deseja, eu sou aquilo que te põe medo, que te faz ter coragem, que te faz viver Carol. Essa sou eu. – cada palavra dita ela se aproximava ainda mais de mim. – Eu sou feita de você. – De seus maiores desejos – Seus lábios tocaram os meus de leve. – Eu sou tudo. – Dessa vez seus lábios tocaram os meus de uma forma selvagem. – Eu sou aquilo que você mais deseja Carolzinha. – assim ela terminou o nosso primeiro beijo.
Meus olhos reviraram o quarto procurando ela em meio à escuridão e ela não estava lá, tudo o que eu senti foi...

O quarto continuava escuro, tão escuro quanto o sonho, pela primeira vez eu não senti sua presença ali, nada, nem mesmo seu cheiro. Talvez eu estivesse agradecida por isso, talvez eu precisasse dela ali, talvez tudo.
Eu me sentia confusa, mas ao mesmo tempo eu tocava o céu.

Domingo 15 de maio 2009

Um mês desde a última vez que eu sonhei com ela... Ela resolveu sair da minha vida de vez? Ela só queria um beijo meu?

Sexta 20 de maio 2009

Eu acho que comecei a me esquecer de como se vive, como se dorme e como se respira, ela vai demorar pra aparecer? Minha vida só tinha sentido nos meus sonhos.


Sábado 21 de junho de 2009


- Sua voz ecoava pelo quarto mau iluminado – Sua mão tocou a minha de leve, não pude deixar de sorrir, talvez fosse um sonho ela estar ali. - seu abraço foi me envolvendo cada vez mais e ela me encarou pela primeira vez em meses. - Eu estou aqui Carol.
. - Às vezes eu me esqueço disso quando você some – disse mordendo o lábio inferior para tentar aliviar a tensão que insistia em permanecer comigo. – ela sorriu e beijou os nós dos meus dedos. – eu estava usando suas armas contra ela mesmo. Sua mão envolveu minha cintura e a outra continuou segurando a minha, ela me conduzia pelo quarto com delicadeza, sem tirar seus olhos dos meus. Ela começou cantar uma música durante algum tempo.
Eu senti uma vontade imensa de beijá-la, mas não tomei nenhuma atitude, se tomasse, ela desapareceria novamente.
- Você deveria ir embora, não acha? – antes de terminar a frase, uma lágrima escorreu pelo meu rosto. – shh, não chora – ela traçou a linha do meu rosto com o polegar e secou a lágrima . – eu vou voltar.
-– disse antes de ela virar de costas e me deixar sozinha no quarto novamente.
As cores da manhã já tomavam forma quando eu acordei por quanto tempo eu havia dormido? Algum lugar da casa tocava a música, e eu podia ouvir com nitidez a sua voz dizendo: “Ne me quitte pas”. Não meu anjo, eu não te deixarei, afinal, eu te inventei.
Segunda-feira 20 de junho 2009

Eu sabia que ela iria desaparecer de novo, eu sinto tanta falta dela.

Sexta-feira 24 de junho 2009

Uma música tocava ao fundo, dessa vez o quarto estava mais claro, eu veria seu rosto com mais clareza, dessa vez nós não estávamos no mesmo quarto de sempre, era uma espécie de cabana.
Procurei ela durante algum tempo, fui encontrá-la do lado de fora da cabana, fazia frio lá fora, ela sorriu, levantou-se e me levou de volta para dentro.
Eu não reconheci seu olhar, era um misto de cautela, desejo e luxuria. Seu sorriso era felino e seus dentes estavam à mostra.
Senti um arrepio frio vir de dentro do meu estômago quando suas mãos me seguraram pelo quadril e me apoiaram contra a parede
- Cause you're all I want – as palavras saíram de sua boca sem emitir nenhum som, nesse momento sua boca procurou a minha e eu me entreguei por completo, a uma completa desconhecida imaginaria.
Eu queria resistir, queria sair dali, queria simplesmente me entregar por completo a ela.
Seus dentes encontraram meu pescoço, minhas unhas entraram em seus ombros arranhando forte, ela me levantou do chão e eu enlacei sua cintura com as minhas pernas, meus dedos se perderam nos seus cabelos e ela me prendeu ainda mais contra a parede
- You all that I need – novamente as palavras saíram de sua boca sem fazer nenhum som.
- You everything, everything – eu soltei as palavras do mesmo jeito que ela havia soltado
Eu procurei sua boca na escuridão e ela estava ali, pronta para mim, porém ela evitava me olhar nos olhos.
Seu toque era selvagem, seu beijo era doce e carregado de desejo. Eu não queria me entregar a ela.
- Relaxe – sussurrou em meu ouvido antes de morder o lóbulo da minha orelha – apenas relaxe.
- Eu não consigo... Eu não posso. – seu polegar traçou a linha do meu maxilar e eu beijei a palma de sua mão.
- Não Carol você não quer. – ela sorriu. – Venha.
Sua mão segurou a minha e ela caminhou comigo até o lado de fora da cabana, caminhamos até o lago e nos sentamos em frente. Ela ficou algum tempo olhando a água sem me encarar, eu olhava apenas para o chão. Nos sentamos e ela me encaixou entre as suas pernas, ficamos ali, em silêncio por algum tempo.
- Você deveria se permitir, Carol. – ela beijou meu rosto.
- Eu não sei mais, eu realmente não sei.
- Eu acho que já passou da hora de você acordar, mocinha.

Eu espero que um dia eu entenda todos esses sonhos.

terça-feira, 9 de novembro de 2010